domingo, 20 de fevereiro de 2011

Terra de Quem?

O Acre já foi território boliviano, já pertenceu ao Imperador Galvez, foi "loteado" por muitos seringalista e depois "doado" a outros tantos pecuaristas. Hoje, paira uma dúvida no ar: quem é o novo dono do Acre? Isso mesmo! Essa pergunta parece absurda, porém mais absurda ainda é essa articulação da Rede Globo, através da ABERT (Assossiação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), para tentar impedir que a vontade do povo acreano, manifestada através do Referendo ocorrido no 2º turno das Eleições 2010,  quanto ao retorno do horário antigo, seja respeitada e obedecida. Portanto, a única conclusão a que podemos chegar é que o Acre tem dono, e, sendo assim, nós que moramos aqui precisamos conhecê-lo.

Como numa favela carioca ainda dominada pelo tráfico de drogas, algumas pessoas aqui no Acre parecem acreditar piamente que são os legítimos "donos do morro", de modo que a vontade dos cidadãos, o interesse público ou mesmo todo o sistema de normas jurídicas que regem não só as relações sociais como também a atuação da Administração Pública e seus agentes, estão, tão somente, a disposição de todos os seus projetos pessoais e interesses escusos.

O discurso politicamente incorreto do palhaço Tiririca durante sua campanha eleitoral no ano passado, onde ele dizia que se fosse eleito iria trabalhar no Congresso Nacional para ajudar o seu proximo: "vou ajudar o meu pai, vou ajudar a minha mãe, os meus filhos...  e se dé...  eu ajudo vocês", embora tenha sido elaborado por sua excelente veia cômica e artística, retrata fielmente o que existe por detrás das máscaras de boa parte dos "senhores do poder" neste Estado.
 
Estamos localizado numa região distante e de caminhos precários, onde quase todos os produtos industrializados são originários de outras unidades da federação. Representamos menos de meio porcento do eleitorado nacional, e, por isso, evidentemente não somos alvo dos olhares atentos dos presidenciáveis ou da grande mídia, preocupada tão-somente com os índices de audiência. Até a nossa energia elétrica depende única e exclusivamente do Estado de Rondônia.

Entretanto, você se engana se pensa que somos um Estado pobre e sem atrativos para os interesses econômicos de políticos, empresários e "mercenários" liberais que vem de lugares longínquos com o objetivo escancarado de sugar ao máximo nossas riquezas para si.

Certo dia, eu estava conversando com um amigo num barzinho muito aconchegante, localizado no belo Mercado Velho, ponto turístico da cidade de Rio Branco/AC, e, ao nosso lado, estavam algumas pessoas com um sotaque notadamente carregado. Logo percebi que eram de Minas Gerais e estavam na cidade  prestando serviço para o Governo do Acre. Eles conversavam bastante sobre o trabalho e as belas mulheres acreanas, entretanto, riam, sem cerimônias, da desventura deles em está neste "fim do mundo", não vendo a hora de retornarem ao dito "mundo real". No mesmo momento fui acometido de forte ira contra aqueles comentários descabidos, porém, mantive-me calado, o que depois me causou ainda maior furor, mas desta vez contra a minha própria omissão - "eles mereciam ouvir umas verdades..." - pensei.

Precisamos incucar em nós uma atenção maior ao amor que dizemos sentir por esta terra que os nossos antepassados conquistaram à duras custas, com muito suor e derramamento de sangue. Somos os mais brasileiros de todos, pois escrevemos nas páginas da história a mais bela e emocionante luta pelo direito de pertencermos ao Brasil, pelo direito de anexar essa porção de terra a nossa aclamada pátria amada. Mais do que isso, fizemos a única grande Revolução com o objetivo exclusivo de nos unir a República brasileira, desbravamos a floresta amazônica, abrimos novos caminhos e migramos de lugares mais próximos do centro econômico brasileiro para fazermos a nossa própria riqueza aqui neste território. Precisamos ser mais acreanos... precisamos fazer nascer um verdadeiro ACREANISMO através da nossa voz. Não podemos mais nos calar.

Em 2008, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei apresentado pelo do Senador Tião Viana (atualmente, Governador do Acre), que impôs a todos acreanos e parte da Região Norte a diminuição da diferença do horário em relação a Brasília, sem a delicadesa de consultar previamente a polulação diretamente afetada por essa mundança. O que vimos foi o simples atendimento aos interesses de grandes redes de telecomunicação (como a Rede Globo e a Rede Amazônica) e outros tantos grandes empresários. Todavia, em 2009, o Deputado Federal Flaviano Melo, com muita luta, conseguiu aprovar a consulta popular que iria definir a permanência do horário alterado ou o retorno ao horário antingo, atraves de um referendo a ser realizado conjuntamente com as Eleições 2010.

Chegado o dia da votação, como é do conhecimento de todos, a população acreana, com quase 57% dos votos válidos, rejeitou a mudança feita no fuso horário em 2008, requerendo, assim, a volta do antigo horário, popularmente chamado por muitos de "horário de Deus".

Pois bem, neste momento, o fato é que existe uma verdadeira torrente de notícias correndo pela internet, informando o andamento de uma operação lobista nos bastidores do Congresso Nacional para tentar anular a vontade do povo acreano, jogando no lixo, de forma escabrosa, a descisão incontestável do POVO DO ACRE pelo retorno ao horário anterior, com o escopo de fazer valer interesses pessoais daqueles que têm o dever de perseguir o verdadeiro bem estar social.

Diante disso, e por tudo mais alegado aqui neste artigo e tantos outros argumentos que não foram expostos, não podemos nos omitir perante essa afronta sem tamanho.

Ao atual Governador do Acre, eleito pelos mesmos cidadãos que "elegeram" o horário anterior, cabe um conselho: Demonstre seu espírito democrático e sua luta a favor dos trabalhadores e se manisfeste publicamente contra a anulação do referendo, buscando no Congresso Nacional que seja determinado o imediato retorno ao horário anterior no Acre, deixando clara a sua posição como estadista e defensor do estado democrático de direito, consagrado e tutelado pela Carta Magna de 1988.

No mais, peço a todos que se manifestem ante essa tentativa de "grilagem" do Estado do Acre. 

Até breve!

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